Ex-doméstica troca cidade por assentamento do MST
Elis Regina Nogueira/Piauí
Nem só de excluídos do campo são feitos os assentamentos do MST. Dão guarida também a trabalhadores urbanos.
A última edição da revista Piauí traz o relato em primeira pessoa da ex-empregada doméstica Marta de Sousa P. da Silva.
Trocou uma casa própria de alvenaria na capital Campo Grande por um barraco de assentamento no município de Sindrolândia, nos fundões do Mato Grosso do Sul.
A vida de Maria começou a virar em 2005. O marido, Izaías, cismou de voltar para o campo. Trabalhava como motorista da Brahma havia 13 anos.
Fez as trouxas e agregou-se a um acampamento do MST. De início, Maria torceu o nariz: “Largou uma casa boa na cidade para ficar acampado no meio do nada”.
Uma dúvida passou a aquecer-lhe os miolos: Ficar na casa de Campo Grande, que dividia com dois dos três filhos, ou juntar-se ao marido para viver num fim de mundo sem água nem luz? Preferiu abraçar a primeira opção.
Izaías vendeu o caminhão. Comprou uma caminhonete F-1000 usada. Esticou uma lona na carroceria. No acampamento do MST, era essa a sua moradia.
Ele não participara de nenhuma invasão. Quando chegara à fazenda de Sindolândia, a propriedade já estava apinhada de gente acampada.
No finalzinho de 2006, Izaías ganhou, finalmente, um lote do Incra. Maria passou a visitá-lo aos finais de semana. Depois, acabou se juntando ao marido.
“Minha casa na cidade tem tudo do bom e do melhor, mas eu não trouxe nada de lá, só a minha cama de casal e o colchão”, ela conta.
Deixou a casa com os filhos. E não se arrepende. Ao contrário: “Isso aqui é uma maravilha […]. Não volto mais para a cidade. Aqui só tenho o que preciso, e não aquilo que eu quero”.
Pressionando aqui, você chega ao relato integral da saga de Maria, nas páginas da Piauí. Vale a leitura.
Maria é uma lulista de mostruário. “Acho uma beleza o governo dividir essas terras que estão sobrando e as pessoas poderem trabalhar no campo…”
“…Não entendo muito de política, mas votei no Lula nas duas vezes que ele foi presidente, e se pudesse votar nele novamente, votaria…”
“…Acho que tudo que ele fez pelo povo foi perfeito. Na minha idade, até hoje, nunca vi uma pessoa que tivesse ajudado tanto o povo como ele ajudou…”
“…A maioria das pessoas aqui no sítio recebe o Bolsa Família. Eu e meu marido não recebemos porque, graças a Deus, não precisamos”.
Fonte: Blog do Josias.